O pesadelo de toda mãe

Meu primogênito era minha vida. Depois que Scott nasceu, quase não saía do meu lado. Ele foi um bebê feliz e era amado pelos adultos, que o achavam educado e gentil. Ele foi nosso único filho até completar nove anos. Foi quando todos os problemas começaram.

O ano em que nossa filha nasceu foi difícil para nossa família. Perdemos nossa casa e tivemos que morar com parentes. Foi também o ano em que Scott começou a estudar em casa. Três anos depois, conseguimos ter nossa própria casa novamente, então nos mudamos.

Bem nessa época, Scott começou a enfrentar muitos problemas.. Não queria fazer os deveres da escola e discutia... Muito. Não parecia ter muitos amigos e ficava sozinho o tempo todo. Mandei-o de volta para a escola pensando que isso o ajudaria, mas só piorou. Começou a se meter em encrencas e mal conseguíamos conversar. Fiquei arrasada. Eu não tinha ideia de como ajudar esse garoto que costumava ser meu mini-eu. Agora, ele não conseguia nem ficar no mesmo ambiente que eu. Depois de alguns anos no ensino médio da escola do bairro, acabamos matriculando-o em uma escola pública online. As coisas pioraram em relação aos trabalhos da escola e brigávamos toda hora. Ele parecia não ter nenhum respeito por mim ou pelo pai.

Certa noite, entrei no quarto dele para pedir que desligasse o som. Fiquei apavorada ao ver a quantidade imensa de maconha que estava na mesa à sua frente. Eu, imediatamente, perdi o bom senso e comecei a gritar com ele. Conversávamos desde que era pequeno sobre os perigos das drogas e como alguns membros da nossa família tinham lutado contra o vício. Não podia acreditar que ele estava mentindo para mim sobre isso. Ele me disse que consumia porque estava deprimido e a droga era a única coisa que o fazia feliz. Naquela noite, ele me disse que planejava fumar toda aquela maconha ou se matar.

Fui buscar o pai dele para falar sobre as drogas e, quando meu marido entrou no quarto do Scott, começou a gritar. Ele culpava meus parentes pelas drogas, queria telefonar e gritar com eles também. Além disso, meu marido ameaçou chamar a polícia. A situação ficou tão tensa que o Scott acabou sacando a faca de caça que seu avô havia lhe dado. Fiquei apavorada. Eu não tinha certeza se ele pretendia usá-la contra o seu pai ou contra ele mesmo, de qualquer forma, sabia que precisava tirar aquela faca da mão dele. Naquele momento, eu não sabia se ele usaria contra mim, mas fiz uma oração silenciosa, coloquei minha mão sobre a dele e calmamente pedi que me desse a faca. Fiquei muito aliviada quando ele a soltou, mas também estava processando várias outras emoções naquele momento: raiva do Scott por mentir, raiva do seu pai por sua reação, tristeza pelo meu filho sentir que não tinha razão para viver. Acima de tudo, estava com um medo absurdo de acordar pela manhã e ele não estar mais lá.

Estava com um medo absurdo de acordar pela manhã e ele não estar mais lá.

Passei a noite dormindo perto do quarto dele para ter certeza de que estava bem. Conversamos por um bom tempo enquanto ambos tentavam entender o que havia acontecido. Ele começou a revelar detalhes ainda mais assustadores do que estava passando. Percebi que tínhamos escapado por um fio, quando me disse que um “amigo” havia lhe emprestado uma arma para levar para casa, várias vezes, e que ficava sentado em seu quarto a noite inteira decidindo se deveria ou não usá-la. Fiquei imaginando um dos meus outros filhos presenciando aquela cena horrível. Lembrei-me de como foi terrível quando perdi minha prima, anos atrás, por causa do suicídio. Foi muito devastador para toda a família. Fiquei tão agradecida por Scott ainda estar vivo, mas também muito perdida em como poderia ajudá-lo.

Passei a maior parte do dia seguinte atordoada, no telefone com terapeutas, seu pediatra e sua escola, tentando descobrir o que fazer. Entre as ligações, ficava de olho para saber onde ele estava, exigindo que mantivesse a porta do quarto aberta para que eu pudesse vê-lo com frequência e ter certeza de que ainda estava bem. Eu me sentia um fracasso como mãe. Como deixei meu filho ficar tão deprimido a ponto dele cogitar tirar a própria vida? Era um lugar escuro e assustador para se estar. Temia pelo meu filho e fiquei envergonhada por ter sido tão ingênua em relação ao uso de drogas. Eu não queria que ninguém descobrisse, pois tinha receio do que pensariam de mim se soubessem que eu tinha um adolescente suicida, que consumia drogas. Também me sentia constrangida pela ideia de colocá-lo para tomar remédio. Por vários anos, fui uma defensora declarada contra os medicamentos prescritos, porque acredito que há alternativas menos artificiais. Inclusive, sou dona de uma loja que vende produtos naturais. Assim, sentia-me hipócrita e, acima de tudo, como se tivesse desapontado o Scott, pois eu estava com muito medo de testar os medicamentos naturais e descobrir se de fato funcionariam para ele, apesar de saber que as pílulas teriam um efeito muito mais rápido. Nunca me senti tão impotente como mãe em toda a minha vida. A influência que sua depressão teve sobre nossa família foi forte. Inundou minha mente e corroeu meu coração e minha alma.

Lentamente, com a ajuda de seu terapeuta e dos antidepressivos, meu filho começou a sair da depressão. Consegui vislumbrar quem ele costumava ser e fomos capazes de nos divertir juntos novamente. Ele começou a fazer aulas de taekwondo e a se encontrar com uma garota da sua turma. Ultimamente, ele vem se saindo muito bem na escola e provavelmente se formará um ano mais cedo. As coisas definitivamente mudaram, mas percebo meus instintos maternos me alertando às vezes. Eu me pergunto se ele está gastando muito tempo com certos amigos ou se continua pensando em se machucar. Também me pergunto se o medo algum dia vai embora quando você sabe que seu filho estava prestes a dar um fim à própria vida. Se seu filho também cogitou o suicídio e se você se identifica com meus sentimentos de vergonha e medo, saiba que não está sozinho(a). Encorajo você a falar com alguém que possa ouvi-lo(a) e apoiá-lo(a) nesta jornada. Deixe suas informações abaixo e alguém de nossa equipe entrará em contato com você em breve.


Você não precisa enfrentar isso sozinho. Fale com um mentor, é totalmente confidencial.

Estes problemas podem ser difíceis de enfrentar. Se você está pensando em causar algum dano a sua vida ou a de outra pessoa, por favor leia isso!

Preencha o formulário a seguir para podermos entrar em contato com você.

Gênero:
Idade:

Pedimos que informe gênero e idade para indicar-lhe um mentor mais apropriado. Termos & Privacidade.