A dor que vem depois
No ensino médio, eu era capitã das líderes de torcida e da equipe de atletismo. Eu tinha boas notas, um namorado, e era bem popular. Eu tinha orgulho da minha reputação na escola. O que mais alguém com 18 anos poderia querer?
Eu posso te contar o que eu não queria na minha vida: um bebê.
Tenho uma vida sexual ativa desde meus 15 anos e meu namoradinho da escola e eu achávamos que rolava uma coisa legal entre nós. Começar uma família estava muito distante da nossa cabeça. Pouco antes da minha formatura, fiquei surpresa porque teria de perder um período. Duas linhas sinistras em um teste de gravidez caseiro confirmaram o que eu temia.
Cuidar de um bebê não era uma opção para mim. Isso nunca passou pela minha cabeça. Eu tinha expectativas e sonhos sobre um futuro brilhante e um bebê estaria definitivamente no caminho de tudo isso. Quando eu estava na décima semana de gravidez, o pai do meu filho e eu viajamos até uma clínica de aborto. As lembranças ainda são muito vivas: o cenário, o som, o cheiro. Meus sentidos - e mais ainda, minhas emoções - estavam amplificados. O procedimento terminou antes que eu percebesse. O terapeuta da clínica tinha as palavras certas e eu lembro de me sentir tão aliviada que estava finalmente livre do fardo que me sobrecarregara naqueles últimos meses. Senti que tudo estava certo. Eu poderia finalmente respirar!
Dizer que eu não estava preparada quando uma inundação de emoções me atingiu é eufemismo. Se tudo parecia tão certo quando fiz o aborto, por que eu me sentia como se estivesse no meio de uma tempestade agora? Todas as defesas ao meu redor caíram por terra. Vergonha, culpa, ressentimento, raiva - o que você disser, eu senti. Parecia que um Monstro de Quatro-Cabeças me assombrava. Eu não sabia em quem procurar ajuda. Meus pais não sabiam da gravidez e do aborto e eu não pude contar aos meus amigos. Não havia lugar seguro para mim. Meu coração estava muito ferido. Eu não tinha para onde ir.
As lembranças ainda são muito vivas: o cenário, o som, o cheiro. Meus sentidos - e mais ainda, minhas emoções - estavam amplificados.
Então eu corri. Era uma boa corredora, e correr me manteve ocupada. Isso deu à minha mente uma oportunidade de se livrar de todas as pancadas emocionais que meu coração sofria. Eu tentava correr da dor que me assombrava, porque assim que eu parasse de correr, tudo iria retornar. Eu não estava pronta para a montanha-russa emocional que decorreria do aborto. Esperando que isso fosse resolver alguns de nossos problemas, casei com meu namoradinho-da-escola aos 19 anos, e dentro de alguns poucos anos depois nós tivemos mais dois lindos filhos. Nos primeiros anos de nosso casamento, eu sabia que não estávamos lidando bem com as emoções latentes que vinham do aborto. Quando descobri que meu marido tinha um caso, meu mundo desmoronou mais uma vez.
Eu vivi uma mudança muito positiva em minha vida por meio da influência da minha avó, mas lidar com a perda - primero, a perda do meu filho por um aborto, e depois a perda do meu então marido por divórcio - era demais para o coração de uma mãe aguentar. Eu tentei canalizar todas as minhas energias nos meus dois filhos. Eu era a Mamãe Urso deles. Eu estava determinada a criá-los e cuidá-los com todas as fibras do meu ser. Embora eu soubesse que eu tinha um monte de feridas emocionais para cuidar, eu pus meu foco em tentar ser a melhor mãe que pudesse.
Cinco anos se passaram e eu encontrei um homem maravilhoso, que agora é meu marido. Mas eu ainda me lembro, especialmente, da luta com o medo da rejeição. Como poderia essa pessoa maravilhosa me amar? Eu lutei com minha auto-estima e me assustava porque as cartas que eu jogaria na mesa poderiam ser demais para ele. Ele sabia da minha bagagem e das minhas feridas emocionais, e ainda assim, me amou do mesmo jeito. Eu estava feliz por poder recomeçar. Entretanto, eu sabia que alguma coisa tinha de mudar. Eu tinha capítulos a serem concluídos e feridas profundas; eu precisava de ajuda. Comecei a me consultar com um psicólogo por um ano, após o casamento, e como num romance, uma página após a outra, eu fui deixando o peso que carregava por uma década.
Desde meu primeiro casamento, e durante o segundo, fui privilegiada em me tornar a mãe de mais 11 (sim, 11!) crianças. Cada gravidez foi diferente, mas é incrível o longo alcance da dor pós-aborto. Ainda me sinto abalada por uma tristeza, cada vez que trago uma nova criança ao mundo.
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